terça-feira, 20 de março de 2012

A origem da cidade de Gandu


A história da cidade de Gandu teve início com a chegada dos irmãos José Amado e Gregório Monteiro da Costa, vindo da cidade de Areia, atual Ubaíra, em busca de solo fértil para a cultura do cacau.
José Amado Costa adquiriu as terras, onde hoje localiza-se a Praça São José, construindo sua moradia em frente a um pé de pequí, árvore que abrigava um corujão nas noites frias da terra chuvosa e úmida, daí o nome "Corujão" para a fazenda adquirida. O seu irmão Gregório Monteiro da Costa desbravou mais adiante outras matas plantando suas primeiras roças de cacau, lugar que veio a se chamar Fazenda Paó.
Em 1919 Corujão era um arraial de 37 palhoças e 15 casas de taipa. O desenvolvimento desse arraial proporcionou o surgimento da vila nomeada de "Gandu", tomando o mesmo nome do rio Gandu que banha e tem nascente na serra da "Pedra-Chata". Neste rio habitavam muitos jacarés “guandus”, por isso a inspiração do atual nome da cidade e símbolo da bandeira ganduense.
Em 6 de Agosto de 1920, a vila pertencente a Ituberá, tornou-se distrito que foi crescendo com o trabalho do seu povo a ponto de levantar um movimento para sua emancipação política, tendo a frente grandes nomes como o deputado estadual Nelson David Ribeiro (nome dado ao hospital da cidade).
O decreto estadual n°1008 de 28 de Julho de 1958, no governo de Manoel Libânio da Silva, garante a emancipação política de Gandu, desmembrado, assim, de Ituberá.

Fotos da antiga Gandu

 
 Casa Tupy



                                                   Centro da Cidade de Gandu


                                          Ao fundo a Igreja Matriz São José




             
                                           Praça Ulisses Moteiro da Costa


                                          Ladeira da Bela Vista


                                                 Antiga Prefeitura


                                        Construção do Lago (entrada da cidade)


                                                    Hospital Nelson David Ribeiro

                                                        Rua Castro Alves


                                                         Praça São José
                                                          Estudantes

                                                          Festejos


                                                         Festejos


Hidrografia do rio Gandu



A hidrografia da cidade é formada pelos rios: Gandu, com nascente na Pedra Chata, Ganduzinho, Rio do Peixe, Rio Braço do Norte que se localizam na bacia do leste e por afluentes considerados riachos como Tabocas de Cima, Tesoura e Mineiro. Suas águas eram limpas e utilizadas pelos habitantes da cidade,com o passar dos anos foram poluídas pela canalização dos esgotos, feira livre, mercado municipal e resíduos depositados pelas famílias que moram às suas margens.


Contexto político do municipio



O coronelismo vinculava a política em torno da classe dominante do município de Santarém que residia no distrito de Gandu. O coronel Manoel Libânio da Silva Filho, fazendeiro-comerciante, filiado a UDN (União Democrática Nacional), tinha apoio do governo do estado da Bahia, conseguindo empreender uma rede de alianças e conchavos de seus redutos eleitorais, conforme cita Adriana Oliveira da Silva no seu artigo:   
                                        
                                                         
                                                                    
Maneca Libânio possuía uma boa relação com o governo estadual 
trocava proveitos, apoiava os governadores da época, Regis Pache-
 co e Antônio Balbino, e barganhava o prestígio e os recusos de que
        precisara para conduzir suas manobras politico-eleitoreiras uma de-
las foi processo que culminou na eliçao para prefeito de Gandu de-
pois da emocipação



Como em um processo eleitoral existe sempre o grupo de oposição vale ressaltar as famílias Lisboa e Costa membros do PSD (Partido Social Democrata). Tendo Adelino Tavares Roseira, político experiente, conhecedor dos costumes do povo e adaptado à conjuntura local, a concorrer à chapa pelo partido opositor. Em 07 de abril de 1959, Maneca venceu as eleições tomando posse do executivo local.
Neste contexto de emancipação política da vila de Gandu vale destacar a figura feminina de Ceres Libânio, professora, esposa de Durval Libânio da Silva, irmão de Maneca que interferiu no processo emancipatório e o deputado Nelson David Ribeiro, médico, membro do PSD, filho de um dos desbravadores da localidade, seu Nestor Ribeiro. Nelson David encaminhou à Câmara Estadual o Projeto de Emancipação e serviu de elo entre os dirigentes locais e o governo estadual, conforme dados publicados no artigo “ESCREVENDO A CIDADE: TRAJETÓRIA DA CONSTRUÇÃO DE GANDU – 1930-1958”.
No percurso político em oposição a Maneca Libânio cabe ressaltar a figura do jovem Eliseu Leal, recém ingresso na carreira política, que anos mais tarde venceu as eleições administrando o município.

Progresso rodoviário



A primeira estrada de rodagem inaugurada em 1935 foi construída a mão ligando Gandu – Santarém a qual facilitou o elo de comunicação entre as duas localidades, percurso que antes era feito no lombo de animais durante dias de viagem, agora poderia ser efetuado em questão de horas por via de automóveis.
A construção da BA 02 (hoje BR – 101), a partir da década de 1940 que passava por Gandu e ia em direção a Salvador, intensificaram as relações comerciais diretas com a capital.


                                            Foto da BR 101 (entrada da cidade de Gandu)

Minha família no contexto migratório da cidade


O fluxo migratório de Santarém e de outras localidades para Gandu se estendeu durante as décadas de 1930 e 1940, houve grande índice de ingresso de pessoas de outras regiões para Gandu.
Dentro deste contexto cito os meus avôs maternos que eram da cidade de Areia (atual Ubaíra). A minha avó Damiana foi criada pelos donos da Fazenda Paó e meu avô Emídio que era descendente de índios os quais se conheceram, casaram-se e tiveram oito filhos, entre estes minha mãe Benigna. Moraram por um longo tempo na Fazenda Paó e tempos depois morar na fazenda Tabocas (Itamarí), em busca de uma vida melhor para os filhos. Nos períodos da colheita de café e quebra do cacau minha avó costumava vim a Fazenda Paó para trabalhar.
Meus pais se conheceram na cidade de Itamarí, constituíram família e moramos nessa cidade até o falecimento do meu pai. Então minha mãe resolveu juntamente com meus avôs maternos que ir embora daquele lugar. Primeiramente fomos morar na cidade de Jequié, como minhas avós não se acostumaram com o lugar, decidiram morar em Gandu.
Chegamos à cidade de Gandu, no ano de 1969, passamos a morar na Rua São Serafim em uma casa que era do Sr. João Ferreira, cedida pelo esposo de uma prima de minha mãe.
Na cidade de Gandu, minha mãe trabalhava na roça, colocava barraca na feira, lavava roupas e costurava para manter os filhos. Eu a via sair cedo e chegar a casa no final da tarde, sempre cansada, mas nunca reclamava.
Tempos depois minha mãe recebeu de doação um lote de terra do Sr. Francisco T. Calheira, junto às margens do rio e construímos a nossa primeira moradia nesta rua. As primeiras casas por ficarem próximas do rio no período das enchentes tinham muitas vezes de retirar tudo de dentro de casa, pois as águas invadiam.
Mais tarde, minha mãe vendeu a casa que tínhamos em Itamarí e comprou um lote do terreno do outro lado da rua do proprietário Sr. Calheira.

Rua São Serafim e sua história


A Rua São Serafim está localizada próximo ao rio Gandu e de fácil acesso ao centro da cidade. Antigamente essas terras faziam parte da fazenda São Serafim, que foram adquiridas por herança pela senhora Rosenita Calheira e dos seus irmãos.
Por volta da década de 60, todos os irmãos da senhora Rosenita venderam partes da herança das terras que lhes pertenciam para o senhor Francisco T. Calheira. O loteamento das terras da fazenda São Serafim aconteceu por livre e espontânea vontade através de doações para o município de Gandu, de acordo com relatos.
No inicio havia somente a casa do Sr. João Ferreira. O Sr. Francisco Teotônio Calheira, loteou as terras próximas as margens do rio para trabalhadores de suas fazendas dentre eles o Sr. Odilio Mello e sua família, Srª Tutu (parteira), o Sr. Vitor, Srª Antonia, a Srª Calmerinda, Srª Maria Preta (lavadeira de roupas), o Sr. Teodoro que comercializava a venda de carnes de porcos e fatos (vísceras dos animais) aos sábados na feira.
Os lotes do outro lado da rua foram vendidos para pessoas interessadas dentre elas a senhora Benigna, os senhores Domingos, Babá Pedreiro e Dadá do Porco. Também construíram moradias nestes lotes as senhoras Magnólia e Marina. A construção do Sindicato Rural de Gandu trouxe valorização para a rua.

Recordações de Infância


Nesta rua passei minha infância, adolescencia e parte da vida adulta. Apesar da vida dificil da época, tenho boas recordações. Os banhos no rio, as pescarias de anzol, as tardes em que iamos a parte em que ainda era fazenda para colher cajás e jacas, chupar mangas. Tinha as brincadeiras de bonecas, de baleado, três maria e os pequiniques.
No período das grandes enchentes em que os rios transbordavam era movivo para molharmos os pés no batente da porta da cozinha e soltarmos barquinhos de papel. As noites costumavamos sentar a frente de casa e ouvir a senhora Valentina contar histórias fantásticas e ao final o seu genro o Sr. Vítor tocava sanfona.
Presenciavamos a passagem de tropas e boiadas em frente a porta de casa, o desfile de foliões mascarados das festas de carnavais dos quais eu tinha medo. O mangueiro em frente a sede da fazenda muitas vezes era cedido para que fossem montadas as touradas, e porque não lembrar as festas de São João realizadas na cas casas dos moradores: Seu Móises, Zeca do Violão entre outros.

Relatos das Entrevistas


Relato – 01 ( neto do Sr. Francisco T. Calheira )

Em entrevista o Sr. Francisco Eugenio Trozzi Calheira, neto do Sr. Francisco Teotônio Calheira filho do Sr. Ubirajara Calheira, relata que o seu avô, nasceu no povoado do Km 5, hoje povoado de São Benedito, município de Nilo Peçanha, migrou- se para a cidade de Gandu, fixando moradia e no povoado de Palmeiras, montou sua primeira casa comercial de secos e molhados e compras de produtos da região. Adquirindo depois outras propriedades agrícolas, como por exemplo: Fazenda Cedro, Fazenda Formosa, Fazenda Jutacy, Fazenda da Pecuária no Entroncamento de Laje, todas estas propriedades de grande extensão rural, com pastagens, plantações de seringueiras, cacaueiros e bananeiras.
Anos depois, por ter um espírito empreendedor o senhor Fancisco T. Calheira se uniu a dois sócios um por nome de senhor Antonio Figueiredo de Almeida e montaram uma empresa a Calheira Almeida Compra de Cacau.
Conta que as terras da fazenda São Serafim foram adquiridas através de herança pertencente a sua avó a senhora Rosenita Calheira e dos seus irmãos Edvaldo Caribé, Djalma Caribé, Diva Caribé, Belinho Caribé. Por volta da década de 60, todos os irmãos da senhora Rosenita venderam partes da herança das terras que lhes pertenciam para o senhor Francisco T. Calheira.
Segundo o seu neto senhor Francisco Eugenio T. Calheira, o loteamento das terras da fazenda São Serafim aconteceu por livre e espontânea vontade através de doações para o município de Gandu.
No ano de 1989 no dia 12 de novembro, em um acidente automobilistico por ironia do destino dentro das suas próprias terras na Palmeira, o senhor Calheira como era mais conhecido veio a falecer no mesmo carro com sua esposa. Passando assim os herdeiros a administrar todos os bens hora deixadas como heranças.


Relato - 02 (Sr. Edvani S. Pinheiro – morador da Rua São Serafim)
Comenta o senhor Edvani: Quando eu aqui cheguei com minha família só havia o primeiro morador da rua, o Sr. João Ferreira da Silva, conhecido por Jão Ferreira, pelo fato dele trabalhar fazendo ferragens.
Lembro-me que as primeiras casas foram construídas próximas as margens do rio. Foram chegando outros moradores como: o Sr. Odilio Mello e sua família, Sr. Mauricio Ferreira (filho de Sr. João), dona Maria Preta que trabalhava como lavadeira de roupas, essa senhora tinha dois filhos pequenos na época, o menino por apelido de Nade que era um dos garotos com que eu brincava de gudes, fazer carrinhos com latas, tomarem banho no rio, entre outras brincadeiras. Também chegaram e construíram suas moradias a senhora Flordenice Alves, o Sr. Teodoro (matador de porcos), que comercializava a venda carnes e fatos (vísceras dos animais) aos sábados na feira.
Depois veio chegando o Sr. Viturino J. dos Santos, José Gringo, Srª Adélia do fato, Sr. Nelson do porco, Dadá do porco, Baba pedreiro, dona Bazu, Sr. Linduarte Marinho, o Sr. Cladionor Sales, o Sr. Silvestre Macedo, Srª Antonia lavadeira, Sr. Antonio Fonseca da Paixão, Sr. Genezio de Souza e a construção do Sindicado Rural de Gandu, onde funcionava um posto médico e odontológico para atender os trabalhadores rurais da região. A maioria desses moradores foi embora ou já faleceram.
A rua São Serafim faz limite com rio Gandu e os bairros: Teoteonio Calheira e Eliseu Leal, a ladeira que dá acesso a rua Manoel Libânio, o Birreiro, a rua Caribé onde funcionava a antiga CEPLAC e centro da cidade. Sendo vias de acesso para rodovia que liga a cidade de Gandu com as cidades de Nova Ibiá, o distrito de Palmeiras (pertencente ao município de Wenceslau Guimarães), Itamarí e Ipiaú.
A Rua São Serafim é bem localizada, fica próxima ao Banco do Brasil, da Prefeitura Municipal, do Mercado Municipal e a praça da feira, do Hospital Nelson D. Ribeiro, de escolas e grande parte do comércio local.
Hoje é uma rua pavimentada, com saneamento básico e coleta de lixo regularmente, mas mesmo assim requer uma melhoria, pois temos o rio Gandu próximo e que precisa ser drenado, para evitar as muriçocas e transmissão de outras doenças.
Devido o progresso no decorrer dos anos, a rua hoje apresenta certas desvantagens como um trânsito mais intensivo, e muito barulho, deixando de existir a tranqüilidade de antigamente em que se podia sentar a porta de casa e vê as crianças brincando na rua.
Relato – 03 (moradora da rua - Nita Gonçalves) .

Segundo relatos da Srª Nita Gonçalves, esposa do Sr. Odilio Gonçalves (falecido), moradora da rua São Serafim há 42 anos, conta que veio da cidade de Santas Inês com 04 anos de idade em companha dos pais para morar na cidade de Gandu. Aos 06 anos de idade foi morar com a família Caribé. Aos 14 anos de idade conheceu o sr. Odilio com quem casou.
A principio foram morar na Fazenda Formosa de propriedade do sr. Francisco T. Calheira. Mais tarde mudam-se para a Fazenda São Serafim, passando a viver na sede da mesma. Como a casa em que moravam estava precisando de reforma, receberam autorização para mudarem para outra casa que ficava junto a olaria.
Nessa época a sua família já havia aumentado e como havia necessidade passou a lavar roupas para algumas pessoas da cidade afim de colaborar na renda da família, dentre essas lembranças ela cita a professora Glória, esposa do sr. Jodi que muito a ajudou e que sempre a visita quando está na cidade.
Como seu esposo era trabalhador do Sr. Calheira, este cedeu um lote das terras as margens do rio para que construisse uma casa para a família. Segundo dona Nita os primeiros moradores foram os trabalhadores das fazendas do Sr. Calheira. Havia somente poucas casas a beira do rio, uma boa vizinhança.
A rua não havia calçamento em tempos de chuvas era dificil sair de casa pela quantidade de barro e lama. Como não tinha água encanada lavava-se pratos, roupas e tomava banho no rio. Lembra-se de que o rio não era coomo se encontra hoje e num gesto de saudosismo leva-me a porta da cozinha mostrando-me como o rio.
Relata que viu a rua se desenvolver e o progresso chegar até a mesma, que ali ela conhece todo mundo e sempre teve uma xícara de café ou um prato de comida para dá a que necessitasse.
Nesta ruas seus filhos cresceram, casaram e deram netos. Não sairia dessa para morar em outro lugar por nada desse mundo, quando sai a passeio retorna o mais rápido que pode.

Pontos Importantes para visitar


Lago Azul



 
 Vista do morro do Bairro Renovação



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Centro de abastecimento





Centro de Treinamento Rural




Referências